terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pintando o sete

CASCAVEL - Quando moleque, lá pelos 11 ou 12 anos, eu era irritantemente tarado por Fórmula 1. Não por automobilismo, só pela F-1. Some-se a isso minha gana de então de virar desenhista e tinha-se um fedelho que somou centenas de horas confeccionando caricaturas de Ayrton Senna. Já estava virando craque no traço de carros de F-1, também, foi pena ter parado de rabiscar ano depois, porque esse troço é como andar de bicicleta, você nunca esquece, mas a falta de prática leva consigo toda a sensibilidade do traço.

Ainda nos tempos de moleque, sexta série do ginásio, conheci o Lourival da Rosa, colega de classe, também craque dos traços. Foram os desenhos que se encarregarem de nos aproximar, o que foi ótimo. O Val (hoje soa meio gay, o apelido; à época, ninguém se preocupava com isso) era, ainda deve ser, um cara espirituoso ao extremo, a gente ria até cansar, ria de qualquer coisa. A convivência foi nociva a ele, que deixou um tanto de lado o Jaspion e outros heróis do imaginário japonês que dominava desenhar e se atirou, também, a rabiscar carros de corridas e fuças de pilotos. Prática à qual se juntou o Ricardo Marafon, outro parceiro de sala de aula. E essa era a nossa confraria, a de três moleques tontos que desenhavam carros e pilotos de corridas de Fórmula 1.

Dia desses, encontrei o Lourival nas redes sociais da vida. Já o tinha visto na rua tempos atrás, papo rápido, como vai a vida, aquela coisa, e cada um de nós tomou seu rumo. Via internet, agora, conversamos um pouco mais, fiquei sabendo que virou baterista e, antes mesmo de tentar arrebatá-lo para os meus repertórios sertanejos, soube que ele integra um grupo de músicas gauchesco-cristãs, ainda tenho de saber mais a respeito. Tempos antes foi o Ricardo quem deu as caras no mundo virtual, e com esse eu já tinha dividido um voo a São Paulo, cada um em sua agenda corrida.

Hoje, quando acessei o Facebook em busca de uma resposta qualquer na comunicação direta, parece que a chamam de inbox, deparei-me com Ayrton Senna, a grafite. A primeira impressão foi de se tratar de obra do Lourival, o traço me pareceu o dele. Como nunca me engano, bingo!, era um post dele, mesmo, "Ayrton senna retratado em meu grafite!", foi o que escreveu, o que me permitiu saber que seu estoque de grafites ainda não acabou, resiste bravamente desde aqueles primeiros rabiscos de 1989.

É bom retomar contato com a rapaziada das antigas, ainda que pela tela do computador. Mesma tela que vai permitir, depois de publicar isso aqui, de tratar de agendar uma cervejinha e um pão-com-linguiça com o Lourival e o Ricardo. E de mandar uma mensagem inbox à minha prima, que quando veio nos visitar em Cascavel, em 1992, levou com ela a melhor caricatura do Senna da minha lavra, sob o compromisso de despachá-la de volta tão logo providenciasse determinada modalidade de reprodução em algum moquifo paulistano. Jamais vi o desenho de novo.

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