quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sertanejão na veia

NENHURES - Primeiro leiam, sem fazer muitas perguntas. Continuo depois das linhas copidescadas que seguem:

A receita é simples: um ritmo vira moda. Exemplo: baladas rápidas, com solos de violão, arrocha, vanera falando de balada e filas que andam e... Puf!, todo mundo copia. A rádio e os donos de boate abandonam a diversidade da música e começam a fazer do “sertanejo” um modismo que eles mesmos intitulam universitário.

A mídia influencia todos a ouvirem as mesmas coisas e as tribos se intitulam todas como sertanejas. Sem cheiro de terra nem debaixo da unha. Aí se reúnem para beber vodka e whisky do Paraguai com Red Bull, uma merda que se tiver um por cento mais de corante vira veneno.

E tome arrocha!

E vamos falar de futilidades, e vamos bater nossos carros, e vamo pegá as mina porque elas pira quando a gente fala que elas não valem mais nada.

E tome arrocha. Facim entender o nosso tempo. Só queria que a classe musical não se vendesse por um litro, ou por um cachê miserável. Se é pra tocar o que os outros mandam, então recebam bem por isso.

E não pensem que seu contratante é seu amigo, cantores. Ele só elogia vocês porque está de bolso cheio. Se a lambada voltar, você pula. Se o forró se fortalecer, você está fora. Se o funk falar menos palavrões – e isso já está rolando –, você vai ter de descer até o chão.

Realismo, sertanejo é a cara do Brasil. E tem muito poeta compondo lendas e guardando no fundo do baú.

Por quê?

Porque nossos jovens rebeldes sem causa, hoje, preferem a net, o chiclete e os clichês da mídia manipuladora a abastecer o cérebro e o coração om a magia, a surpresa, a genialidade e a criatividade dos artistas brasileiros.

Bem, mas como eu também vivo disso, ‘bora tirá uns arrocha pa dá de cumê pros meus canarinhos do reino. Que, mesmo com o passar do tempo, não mudam o gosto pelas melodias lindas que fazem rir, emocionam, fazendo a gente sentir a vibe da verdade.

Se você me vir cantando modismo, é porque eu preciso, não porque gosto.

Bom-humor e bom senso. É isso.

O desabafo aí acima é do parceiro Flávio Aquino, compositor dos bons e intérprete de primeira. Qualquer um com um mínimo de afinidade com alguma causa musical do mundo real terá captado ao menos uma das várias mensagens do Flavinho nessas linhas - algumas delas sutilmente incluídas em "Menina correria".

O dono da "Mala pronta" atuou em dupla por muitos anos nos palcos e nos bares da vida. Agora segue carreira-solo lá pras bandas do Paraná. Uma das últimas modas da lavra do Flávio é "A gente vai se ver", que segue aí:

Boa moda, não?

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