terça-feira, 28 de setembro de 2010

Foi a primeira vez

Então que o fim de semana em Buenos Aires foi ótimo, cheio de ineditismos, tudo mais. Alexandre Barros desencantou no automobilismo e ganhou as duas primeiras corridas dele no Porsche Cup Challenge, que teve rodada extra-campeonato por aquelas bandas.

Houve muito de primeira vez no evento. Primeira vez que a categoria saiu do país, primeira vez que pisei na Argentina. Vadio de carteirinha, foi a primeira vez que topei, a convite de Jorge Sá e Luiz Alberto Pandini, caminhadas pela noite de algum lugar. Os dois, um fotógrafo e outro jornalista, costumam ir a pé jantar nalguma bocada, e voltam a pé, também. Assim fizemos na sexta-feira e no sábado, nesse o Thomaz Figueiredo estava junto, e foi o mais perto que cheguei de algum city tour. Indicações sobre o que fazer não me faltaram, mas não houve tempo para muita coisa e o máximo que fiz foi ver o Obelisco e a Casa Rosada. Muito bonita, a Casa Rosada, não sei se o que fazem lá dentro é bonito.

Foi a primeira vez que as duas categorias do Porsche Cup dividiram um grid – esse da foto lá em cima. Era uma prova festiva, tínhamos acabado de viver a centésima corrida da nossa história, todos concordaram que juntar a 997 e a 996 seria uma celebração interessante. Foi a primeira vez que o Speed Channel transmitiu ao vivo uma corrida de carros na Argentina. Nalgum lugar no livro-ata da emissora deverá constar meu nome como narrador desse evento estatístico a que só eu, mesmo, devo estar dando alguma relevância.

Foi a primeira vez, também, que tive Pandini como comentarista numa transmissão do Porsche Cup. Um cara que eu lia quando era moleque (eu; ele, àquela época, já estava na idade do condor...), comprava as edições da revista “Grid”, que ele editava, e só lia as páginas sobre Fórmula 1. Hoje não entendo porcaria nenhuma de Fórmula 1. E nem das outras categorias. Mas foi bacana a dobradinha. E Pandini, o cara que eu lia, também gostou da brincadeira. Deveremos reeditá-la.

Encerrado o fim de semana de trabalho e de semiturismo, chegava o momento de voltar para casa. E, pela primeira vez, perdi um avião por dormir demais. Dormi pouco, na verdade, até as 6h30. Mas acordei a cinco minutos da decolagem, com a mala para terminar de arrumar, check-out para fazer e o trajeto até o aeroporto a cumprir. Inviável. Providenciei outra passagem, para depois do almoço. Uma vez a bordo, como sempre, colei a fuça na janela do avião e dormi.

Até que o sol me bateu na cara, algo estranho para quem estava na fila da direita voando a norte. Estávamos voltando. “Inconveniente técnico”, foi o que o comandante anunciou para justificar o retorno a Buenos Aires. O avião da Austral/Aerolineas Argentinas teve, na verdade, um princípio de pane hidráulica, algo que até então eu tinha apenas como desculpa das equipes de F-1 para as quebras das geringonças de seus carros. Foram 35 minutos de medo. Pela primeira vez, senti medo de não chegar a lugar algum.

Uma vez em terra, um cigarro, alguns telefonemas e tudo sob controle. Com todo o transtorno decorrente, inclusive depois do novo embarque em outra aeronave, conseguimos deixar Buenos Aires definitivamente perto das 18h. Quando cheguei a Puerto Iguazu, lá estava a Juli à minha espera, como combinado. Aguardava minha chegada havia mais de quatro horas. Abracei-a, como sempre.

Pela primeira vez numa situação como essa, chorei.

Acho que ela não percebeu.

"É preciso revogar a ganância"

O título que você acabou de ler está entra aspas porque não é meu. Há dois motivos para se aplicar aspas a algo escrito: um, explicitar que já tenha sido dito ou escrito por alguém; outro, em grande parte dos casos mal aplicado, tentar atribuir um sentido adverso ou pejorativo ao que se escreveu.

Enfim, esse é o título de texto que recebo, por e-mail, do colega Alceu Sperança - que no Twitter despacha como @guizovermelho -, sobre a histórica confusão acerca da data do aniversário da cidade de Cascavel. No e-mail, como já me havia dito dia desses no boteco onde tomamos café, Alceu esclarece que não pretenderia voltar ao tema, sobre o qual já falou e escreveu incontáveis vezes, e esclarece que essa última manifestação deve-se às inúmeras mensagens que tem recebido a respeito.

Em tempo: referir-me a Alceu como "colega" beira a imprudente ousadia. A quem não o conhece, estou tratando de um sujeito que é jornalista, poeta, historiador, escritor e dono de uma das mentes mais brilhantes desta cidade. Talvez falte-lhe o devido reconhecimento, algo que não se poderia traduzir num título de "cidadão honorário" - que Alceu inclusive já agradeceu e recusou.

Eis, ipsis litteris, o que escreve Alceu:

Algum cascavelense ainda tem paciência para continuar ouvindo a choradeira dos gananciosos em torno do aniversário do Município? Eu não tenho, mas como fui chamado a dar minha opinião, aqui vai ela, pela última vez.

Não há confusões quanto à data oficial do aniversário de Cascavel. É 14 de dezembro, data determinada pela lei 1.875/86, promulgada em ato soberano da Câmara de Cascavel, por absoluta maioria dos votos de alguns dos melhores vereadores da nossa Câmara.

Que os gananciosos façam nessa data um feriado de festiva gastança, instituam uma “Feira de Natal” caça-níqueis para vender de palito a helicóptero, mas parem de criar confusões artificiais!

Antes do incêndio da Prefeitura, que devorou as primeiras leis municipais, em 1960, o aniversário era festejado em 14 de dezembro. Se pudéssemos voltar um dia antes do incêndio da Prefeitura, poderíamos checar a documentação comprovando esse fato.

O decreto estadual 1.542, que criou as Comarcas de Cascavel e Toledo, datado de 14 de dezembro de 1953. Por que a data? Por ser a data do primeiro aniversário desses dois e de outros municípios que também tiveram criadas as suas comarcas.

Os vereadores que por ampla maioria resgataram a data oficial de 14 de dezembro foram, dentre vários outros, Aldo Parzianello (proponente da lei), Marlise da Cruz, Renato Silva, Hostílio Lustosa, Paulo Gorski, Hermes Parcianello, Dercio Galafassi e Antoninho Trento. Todos nomes dignos de Assembleia Legislativa ou Câmara Federal – alguns já chegaram lá, outros ainda poderão chegar.

Na época, o assunto foi exaustivamente examinado e se concluiu que o documento cascavelense perfeito e oficial que inicia as atividades do Município é o termo de posse do prefeito José Neves Formighieri e dos primeiros 9 vereadores: 14/12/1952. Fim!

Aliás, diga-se que o aniversário da cidade é 28 de março. 14 de novembro é só a data da assinatura de uma lei. E uma lei de nada vale quando não é cumprida.

Os gananciosos criaram uma falsa confusão quanto ao aniversário já em 1994, na tentativa de criar um clima para a revogação de uma lei perfeita, ato soberano da Câmara que se impôs como a vontade majoritária dos representantes da população. Fracassaram.

Haveria alguma confusão sobre a data oficial do aniversário se a lei contivesse imperfeições. Sem elas, qual é a “confusão”? Mudar uma lei perfeita e historicamente correta por conta da ganância de meia dúzia é um despropósito.

Várias leis até poderiam ser discutidas, por conter imperfeições. Há uma penca de leis coalhadas de erros.

A lei que dá nome à rua “Antonio Leivas” é imperfeita, pois esse “Antônio Leivas” não existe. O nome correto é “Antônio Rodrigues de Almeida” (ou “Antônio Almeida”), que foi vereador de Cascavel e delegado de polícia. Mas é horrível mudar nome de rua. Como o mal já está feito, seria justo dar a outra rua o nome do vereador Almeida e a imperfeição se contorna.

No RJ, a rua “Pedro Ivo” era “Pedro IV”. Um clandestino foi lá e acrescentou um “o” para homenagear o líder revolucionário e não o rei português, o mesmo d. Pedro I da Independência. E até hoje é “Pedro Ivo”...

A lei que deu nome à Avenida Tancredo Neves não faz sentido. Tancredo nunca moveu uma palha pelo Município. O nome histórico seria “Avenida Foz do Iguaçu”.

Mas também nesse caso o erro já está feito. Cabe apenas dar a um logradouro público – um parque ambiental ou coisa assim – o nome de Foz do Iguaçu. Até porque lá existe uma rua chamada
Cascavel.

Se não vão revogar essas leis imperfeitas, por que revogar uma lei perfeita?

Vamos revogar os maus costumes, as más condições de vida da população pobre. Há muito sofrimento físico e psíquico entre nossos pobres. Não vale a pena esquecer tamanho sofrimento para discutir o sexo dos anjos e a quadratura do círculo.

Para encerrar essa última intervenção sobre o assunto, gostaria de perguntar aos atuais vereadores: por que o governador Bento Munhoz não é mais (pois antes foi!) nome de rua na cidade?

A meu ver, porque ele não cumpriu dignamente a Lei 790, a “Lei da Vergonha”, de 14 de novembro de 1951. Por que vergonha? Porque a lei estipulava uma verba para a formação da Prefeitura e o governador não liberou.

Foi por essa vergonha que o prefeito José Neves Formighieri teve que tirar dinheiro do bolso para comprar trator, abrir ruas, montar a Prefeitura e pagar os primeiros professores e barnabés.

Dito isso tudo, ainda continua difícil entender porque o 14 de novembro seria um aniversário vergonhoso?

alceusperanca@ig.com.br

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Lixo e putaria

Seria no mínimo injusto medir uma cidade desse tamanho por uma caminhada de pouco mais de um quilômetro pela Avenida 9 de Julho. Se o fosse fazer, definiria Buenos Aires em duas palavras: lixo e putas.

O lixo é amontoado em sacos a cada tantos metros, no passeio público. À noite, como agora, quando Jorge, Luiz Alberto, Thomaz e eu fomos a pé jantar, já está todo revirado pelos andarilhos que ali buscam restos recicláveis para venda ou outros fins. É uma porquice sem tamanho. Os mesmos moradores de rua que, quando voltamos, formavam uma extensa fila para a distribuição do sopão da madrugada. Sim, há argentinos solidários que socorrem seus semelhantes com ações voluntárias.

Se você leu até aqui, é muito provável que esteja interessado mais nas putas que em lixo e mendigos. Buenos Aires tem muita puta. Não vi nenhuma, a bem da verdade. Acho. Houve duas, digamos, ocorrências no caminho de volta do jantar para o hotel. Na primeira, eu disse que não era e o Thomaz disse que era. Na outra, eu falei que era e Thomaz negou. Não perguntamos, afinal essas argentinas devem bater dolorido.

Mas a comunicação externa das putas é forte e eficiente. A sujeira que em rincões como Cascavel se faz com adesivos anunciando telefones de centrais de mototáxi ou com santinhos de políticos é constituída, cá pelos lados portenhos, com propagandas de putas. Para todos os gostos, bolsos, riscos.

Colam a beirada dos santinhos das santinhas em tudo. Orelhões, paredes, placas publicitárias, postes. Nesses 12 quarteirões, vim pegando um de cada. Luiz Alberto disse que só me falta comprar o álbum para colar as figurinhas. O que não seria má ideia, já que até separei, antes de preparar a foto aí de cima, um catatau de anúncios repetidos. Dá para trocar, se você também tiver anúncios de putas repetidos.

Tenho um amigo que vem sempre à Argentina. E, quando volta para casa, não tem nenhum no bolso. Acuso-o, sempre, de ser viciado em cassinos. Agora vejo que tenho sido injusto com ele.

Infortúnios além-ponte

Sou avesso à ideia de ir ao Paraguai para fazer compras. Como tinha de tomar voo em Foz do Iguaçu – ainda não comentei hoje, mas o aeroporto de Cascavel, minha cidade, é impraticável e só vira assunto em época de campanha política –, acabei aceitando o convite da Juli. Saímos de casa umas horas mais cedo e cruzamos a ponte.

Antes de mais, é preciso que se observe: dizer “fui ao Paraguai” é puro eufemismo. O Paraguai que eu conheço, e que a maioria conhece, é só aquele imenso camelódromo que vende de tudo em Cidade do Leste, o primeiro referencial depois da Ponte da Amizade, e que confere algum sentido ao apelido “paraguaizinho” que se dá a qualquer sequência de bancas geminadas de camelôs. Nunca avancei mais, para conhecer o país, sua difícil realidade, o povo que historicamente tenta se desvecilhar de uma imagem marginalizada.

Enfim, fui ao Paraguai. Sou daqueles caras que terão dois garfos na mão no dia em que chover sopa. Então, nada mais inerente a mim que uma chuva dos diabos enquanto andava por aquelas ruas com a esposa e a sogra. Estive lá com um propósito único, o de comprar um violão novo – que comprei, um Ibanez, por 350 dólares. Mas a peregrinação da Juli e da dona Judith por roupas para revenda acabou me castigando um pouco. Segundo elas, dei sorte, porque a chuva teria espantado as mulheres de voz aguda que costumam perseguir os incautos visitantes gritando "meia, meia". Vão muito ao Paraguai, a Juli e a mãe dela.

Já que lá estava, lá torrei alguns dinheiros. Como numa camisa do Corinthians, aquela preta com detalhes dourados, à qual despendi 15 reais. O vendedor me garantiu ser legítima. Como também são legítimos, garantia dada por outro ambulante, os óculos escuros da HB, pelos quais paguei 10 pratas. Ótimas compras, as minhas. No violão, que é mesmo muito bom, não consegui desconto, mas o vendedor me deu um estojo razoável para guardá-lo, além da alça. E trouxe no bolso, inadvertidamente, a palheta que me foi emprestada pelo moço para testar o instrumento. Ah, comprei também um par de tênis e outro de meias, já que saí de lá com os pés encharcados por volta do meio-dia e só chegaria ao meu destino no final da noite. Vim de tênis novos, que custaram 40 reais e são bem confortáveis.

A culinária assusta. Em várias das ruelas, os cheiros das comidas preparadas ali mesmo, nas ruelas, misturam-se e tornam o ambiente impraticável. Fiquei impressionado com a voracidade com que alguns jovens devoravam algo qualquer, umas frituras às quais não tive coragem de olhar diretamente. Tinha também o tio de barriga de fora que preparava chawarmas debaixo de uma goteira, e cachorros-quentes mais duvidosos que a boa fase do Fluminense no Brasileirão. Num dos miniambientes, uma menina de não mais que sete anos preparava algo parecido com tapioca. Um panorama de tirar o apetite de qualquer um.

Visitei as duas casas de câmbio que encontrei em Cidade do Leste. Como estava vindo para a Argentina, decidi comprar pesos. Nenhuma das duas vendia pesos, apenas compravam-nos. Estranho. Minha má impressão quanto a isso foi quase zerada quando percebi, horas depois, já no aeroporto de Foz, que lá também não se vendiam pesos. Fui comprá-los em Guarulhos – besta que sou, acabei me sujeitando ao trajeto Foz-Guarulhos-Buenos Aires, que na viagem de volta, domingo, será convertido em Buenos Aires-Rio de Janeiro-Foz. Se quisesse comprar dólares no Paraguai, bastaria visitar uma dessas lojinhas de R$ 1,99. Piada besta, mas a cotação que eles praticam é mesmo causticante.

Desprevenido, vi-me sem cigarros enquanto Juli e dona Judith procuravam numa galeria qualquer o dinossaurinho que o Luc Jr. pediu de presente - e ele disse que queria um de brinquedo, não de verdade, ainda bem. Na banquinha de refrigerantes, achei um Marlboro Light. Comprei-o, e só depois de acender um é que fui notar, alertado pelo péssimo sabor, a inscrição "Fumar daña la salud" na lateral da embalagem. O que me remeteu aos primórdios, época em que fumava Free e comprava a versão paraguaia, pagando por ela um vale-transporte. Custava metade do preço da original, ou menos. Hoje fumo Carlton, tratei de trazer umas quatro carteiras para a Argentina, afinal não sabia o que as tabacarias de cá me poderiam oferecer.

Sair de Cidade do Leste foi um pandemônio. Afora o trânsito, que assusta mais que o de São Paulo (note-se aqui um exercício de exagero) e que se tornou ainda mais caótico por conta do pé d'água, estacionaram um ônibus de sacoleiros no meio da via no Paseo San Blaz, ocupando duas faixas, para abarrotar o bagageiro com muamba. Emanei sinceras recomendações à mãe do motorista, claro. E, assim, voltei ao Brasil. Uma viagem de poucos metros ao exterior, e que me proporcionou uma sensação rara de estar longe e com saudade do lugar onde vivo.

Buenos Aires, onde estou agora, é mais acolhedora. Em primeira vista, uma Curitiba onde se fala enrolado. O fim de semana de trabalho dá pouca margem a exercícios turísticos, ainda espero cumprir alguns dos inúmeros roteiros que me indicaram.

Mas que não me convidem a cruzar a ponte tão cedo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A pedido, e pra deixar bem claro

Há alguns dias devo aqui uma satisfação à rapaziada lá do Velopark.

Durante o fim de semana do Itaipava GT Brasil e do TNT Superbike lá no complexo automobilístico de Nova Santa Rita, comentei aqui no BLuc alguns desdobramentos que me foram narrados pelo piloto de motovelocidade Newton Patrício Crespi, ou “Cisso”, que teve um acidente durante os treinos e sofreu fraturas no pé esquerdo.

Na ocasião, falei do drama que Cisso enfrentou depois do acidente – para quem não leu, o post está aqui.

A partir desses comentários, recebi cordial e-mail do colega jornalista Paulo Torino, assessor de imprensa do Velopark, solicitando-me que compartilhasse um esclarecimento com a audiência deste espaço. Que segue, pois, na íntegra:

Prezado Luciano,

O Velopark cumprimenta o trabalho que você vem realizando através de seu BLOG, em especial, as coberturas dos eventos aqui realizados.

Com referência a notícia publicada sobre o acidente com o piloto NEWTON PATRÍCIO CRESPI na etapa da TNT SUPERBIKE e aos
Posts do público, cumpre-nos um esclarecimento importante.

1. Durante todas as competições do VELOPARK, profissionais ou amadoras, existe um acompanhamento médico com ambulância e equipe de plantão. O trabalho é realizado pela empresa contratada
TRANCLIN com grande experiência em remoções e atendimento de emergência.

2. Na ETAPA da GT Brasil e TNT Super Bike os PROMOTORES destes dois eventos OPTARAM em contratar outra EQUIPE MÉDICA E DE RESGATE assumindo desta forma, a RESPONSABILIDADE TOTAL PELAS REMOÇÕES E TRABALHOS DE PISTA DURANTE TODO O FINAL DE SEMANA.

Assim, lamentando o acontecimento, o VELOPARK manifesta sua versão sobre a notícia publicada e solicita que nosso esclarecimento seja publicado em vosso Blog.

Agradeço sua atenção

Atenciosamente

Paulo Torino
Assessor de Imprensa
torino@velopark.com.br


Recado dado, Paulo. Como faço parte de todos os eventos do Itaipava GT Brasil, cabe-me comentar com você - e isso é observação minha, sem consulta formal a ninguém da direção do evento - que a equipe médica coordenada pela doutora Magda acompanha o campeonato em todos os seus eventos, como acontece na Fórmula Truck, com a equipe do doutor Daniel, ou na Stock Car, com a do doutor Dino.

Esse, aliás, é um dos pontos diferenciais do Velopark. O complexo tem à disposição dos eventos que acolhe serviços de cronometragem, equipe médica, até um esquema prontinho da silva para transmissão das corridas pela internet, em áudio e vídeo.

O Velopark, enfim, adota um princípio tão elementar quanto eficiente, o de agradar os clientes para que voltem sempre. Por incrível que possa parecer, é coisa rara no meio automobilístico.

Aliás, mês que vem, devo voltar ao Velopark. Vai ter corrida de Fórmula Truck por lá, no dia 10.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Superfinal da Stock sub-júdice



Marcos Gomes, o mais rápido nos treinos de hoje em Campo Grande, espera reaver os pontos do terceiro lugar na etapa do Rio, mas trabalha para garantir a vaga mesmo se perdê-los




Dia desses, aproveitando que encontrei meu antigo estojo com um ábaco, um transferidor, um compasso e um escalímetro, fiz um levantamento moribundo sobre as chances que cada piloto da Stock Car tem de conquistar uma das 10 vagas na Superfinal. A matemática da disputa pela vaga está aqui, para os inadvertidos que a quiserem conferir. No mundo ideal, a dezena seria definida no final da manhã deste domingo, depois da oitava corrida do ano, em Campo Grande. É a última da dita fase classificatória.

Pelo regulamento, somam-se os resultados de todos os pilotos, exclui-se o pior desempenho de cada um – o que, na prática, não muda nada, porque todos eles têm pelo menos uma corrida fora da zona de pontos, que pode ser aplicada no descarte obrigatório – e chega-se à conclusão óbvia dos 10 que seguem na disputa pelo título.

Óbvia? Nem tanto. Isso porque três pilotos aguardam o desfecho de pendengas relativas ao resultado de algumas corridas na justiça desportiva.

Na quarta etapa, dia 23 de maio no Rio de Janeiro, Ricardo Maurício e Marcos Gomes terminaram a corrida em segundo e terceiro, respectivamente. Os dois foram punidos sob alegação de ultrapassagens feitas sob bandeira amarela e tiveram seus pontos conquistados. Na quinta corrida, dia 6 de junho em Ribeirão Preto, Valdeno Brito terminou em sétimo. Foi punido com o acréscimo de 20 segundos a seu tempo de prova e caiu para 17º, ficando fora da zona de pontuação, que compreende os 15 primeiros em cada corrida.

Os três pilotos conseguiram reaver seus pontos na justiça desportiva. A Confederação Brasileira de Automobilismo, contudo, recorreu do deferimento dos recursos, conforme confirmou-me o prestativo jornalista Marcelo Eduardo Braga, assessor de imprensa da Stock Car. Com a questão sub-júdice, para efeito de pontuação do campeonato, mantêm-se as punições a Maurício, Gomes e Brito.

Brito (foto abaixo), piloto paraibano, falou do assunto ontem, em sua conta no Twitter. Numa sequência de oito posts no microblog, sua mensagem, editada aqui sem nenhuma distorção de teor, foi a seguinte:

“Pessoal, infelizmente, os pontos reconquistados por mim num incidente na etapa de Ribeirao Preto, ainda não foram computados. Com esses 9 pontos, eu vou para 29 e fico bem mais perto da porta de entrada para os playoffs. Como a CBA recorreu da decisão do tribunal (4 votos a 0 em meu favor), outro julgamento no Superior será marcado, e infelizmente esse resultado ficará sub-júdice. Ou seja: é possível, infelizmente, que os superfinalistas sejam diferentes dos que serão anunciados após a corrida. Uma pena. Independente disso, tinho de fazer minha parte em busca de um pódio. Esse é meu objetivo. Infelizmente aconteceram vários incidentes que me impediram de marcar pontos nessas primeiras corridas – numa delas, um erro cometido por mim, mas também algumas quebras. São coisas que fazem parte desse esporte, muitas vezes ingrato por não dependermos só de nós. Mas vou COM TUDO para a corrida desse fim de semana! É só torcermos para não haver mais imprevistos, tenho carro e equipe para vencer. Agora, vou decolar. Até mais tarde!”

Não há duas classificações de campeonato. Há apenas uma, esta aqui, que está no site da categoria. Mas sempre há quem considere – os pilotos punidos, principalmente – a recuperação definitiva dos pontos. Que, se ocorrer, tende a acarretar mudanças na lista dos 10 classificados à disputa pelo título.

Como sou curioso demais e ando com tempo sobrando, lancei-me às contas mais uma vez. Afinal, o estojinho que resgatei do meu baú empoeirado ainda está dando sopa aqui. Refiz, por puro exercício de projeção, a classificação do campeonato da Stock Car, considerando hipoteticamente que Maurício, Brito e Gomes tenham reavisto os pontos que já haviam recuperado antes do recurso da CBA. Repito zilhões de vezes, para que não me acusem de bagunçar o coreto: é uma projeção hipotética, não tem nada de oficial, arrisco até a dizer que Braga e seus colegas de trabalho da Stock Car vão ficar putos comigo por isso. Muita gente tem ficado puta comigo ultimamente, paciência.

Sem delongas, pois. Para chegar à pontuação abaixo, "devolvi" o segundo lugar de Ricardo e o terceiro de Marcos na etapa do Rio de Janeiro, tirando de todos os pilotos que terminaram atrás deles os pontos referentes a duas posições. O mesmo critério, claro, que apliquei ao "devolver" o sétimo lugar de Valdeno em Ribeirão Preto, tirando de todo mundo que veio atrás dele os pontos referentes a uma posição. Assim, se a CBA não tivesse recorrido da decisão favorável aos três, a classificação do campeonato seria - repito, seria - a seguinte:

1º) Ricardo Maurício (SP/Eurofarma-RC Competições), 116
2º) Átila Abreu (SP/AMG Motorsport), 104
3º) Cacá Bueno (RJ/Red Bull Racing), 72
4º) Max Wilson (SP/Eurofarma-RC Competições), 70
5º) Nonô Figueiredo (SP/Cosan-Mobil Super Racing), 63
6º) Daniel Serra (SP/Red Bull Racing), 60
7º) Marcos Gomes (Blau-Full Time Racing), 57
8º) Felipe Maluhy (SP/Officer Pro GP), 55
9º) Allam Khodair (Blau-Full Time Racing), 45
10º) Thiago Camilo (SP/Ipiranga-Vogel Motorsport), 40
11º) Júlio Campos (SP/JF Racing), 30
12º) Valdeno Brito (PB/Cosan-Mobil Super Racing), 29
12º) Popó Bueno (RJ/A. Mattheis Motorsport), 29
14º) Lico Kaesemodel (PR/RCM Motorsport), 28
15º) Duda Pamplona (RJ/Officer ProGP), 22
16º) Cláudio Ricci (Amir Nasr-Crystal Racing), 18
16º) Giuliano Losacco (SP/Flash Power Racing), 18
16º) Rodrigo Sperafico (PR/Carlos Alves-Mico’s Racing), 18
19º) Antonio Pizzonia (AM/Hot Car Competições), 16
19º) Diego Nunes (SP/RC3-Bassani Racing), 16
21º) Xandinho Negrão (SP/A. Mattheis Motorsport), 12
22º) Ricardo Zonta (PR/RZ Corinthians Motorsport), 11
22º) Luciano Burti (SP/Itaipava Racing Team), 11
24º) David Muffato (PR/Itaipava Racing Team), 10
25º) Alceu Feldmann (PR/RCM Competições), 7
25º) Constantino Júnior (Amir Nasr-Crystal Racing), 7
27º) Antonio Jorge Neto (SP/RZ Corinthians Motorsport), 6
27º) Gustavo Sondermann (SP/Gramacho Costa Competições), 6
29º) Pedro Gomes (SP/Ecopads-Vogel Motorsport), 5
29º) Thiago Marques (PR/AMG Motorsport), 5
31º) William Starostik (PR/RC3-Bassani Racing), 4
32º) Alan Hellmeister (SP/JF Racing), 3
33º) Juliano Moro (RS/Amir Nasr-Crystal Racing), 1

A nona etapa da Stock Car, primeira das quatro que vão compor a Superfinal, vai acontecer no dia 10 de outubro. Tudo indica que em Londrina, apesar de dúvidas que se tem com relação às reformas no autódromo da simpática cidade paranaense. Que se resolva a pendenga nessas três semanas. Seria muito chato a Superfinal começar com pilotos ainda apostando na justiça dos homens para confirmar uma vaguinha na festa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Senna nas telas



Já circula pela internet há alguns dias o link para o vídeo acima. É o trailer, dublado em português, do documetário sobre Ayrton Senna. Será lançado no Brasil daqui a dois meses, e vamos seguramente formar filas para assistir, para comprar. Muita gente que conheço vai pirateá-lo, também, afinal isso é Brasil e vai continuar sendo.

Queria até escrever algo a respeito, mas não tenho o que dizer. Na verdade, não preciso. Para compartilhar com os que me leem as parcas informações que tenho, reproduzo na íntegra um press-release produzido pela Communica Brasil, que foi gentilmente distribuído pelo colega Márcio Fonseca, da MF2.

Documentário sobre a vida de Ayrton Senna será lançado no Brasil em 12 de novembro

A Universal Pictures, distribuída no Brasil pela Paramount Pictures Brasil, confirmou para 12 de novembro o lançamento do documentário sobre a vida de Ayrton Senna no país. SENNA é uma produção Working Title em associação com Midfield Films. A direção é de Asif Kapadia, o roteiro escrito por Manish Pandey e a produção de James Gay-Rees, Tim Bevan e Eric Fellner.

No Brasil, o lançamento do filme nos cinemas conta com patrocinadores de peso: o Bradesco Seguros e a Embratel.

O documentário mostra a notável história de Senna, pontuando suas realizações nas pistas e fora delas, sua busca por perfeição e o status de mito que ele alcançou. SENNA abrange os anos da lenda do automobilismo como piloto de F1, desde sua temporada de estreia em 1984 até sua morte precoce uma década depois. Muito mais que um filme para fãs da F1, a produção expõe uma história extraordinária de maneira inigualável, evitando o uso de muitas técnicas padrões de documentários e favorecendo uma abordagem mais cinematográfica, que faz uso total de filmagens espetaculares, boa parte inédita, tirada dos arquivos da F1.

SENNA foi realizado com completa cooperação da família de Ayrton Senna, que concedeu permissão para que esse fosse o primeiro filme-documentário sobre a vida do piloto; e com apoio tanto da Fórmula Um, que deu permissão à equipe para usar filmagens inéditas, quanto do Instituto Ayrton Senna, organização não-governamental criada em 1994, que oferece educação de qualidade a milhões de crianças e jovens brasileiros.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Stock define quem vai e quem fica

Adivinhar é um dos exercícios preferidos do brasileiro. Todo mundo acha que sabe qual time vai ganhar o jogo de futebol de domingo, ou qual candidato vai ser eleito em primeiro ou segundo turno, ou quem vai ser o primeiro a marcar um encontro com a nova funcionária gostosona da repartição – neste caso os garanhões de plantão costumam apostar em si próprios, e normalmente perdem. A lista de situações que se adivinham é grande. Até um polvo alemão adivinha as coisas.

Mas quando se tem de tirar o lápis de trás da orelha para fazer contas, os adivinhões somem do mapa. Sobram poucos. Como o pobre coitado aqui, que passou madrugadas e mais madrugadas em claro para chegar a uma conclusão das chances que cada piloto tem de conquistar uma das 10 vagas na Superfinal da Stock Car. A oitava etapa do campeonato, que encerra a fase de classificação, terá os 34 nomes da categoria na pista domingo agora, em Campo Grande. Não sei se vou para lá, acho que não. Ou vou, ainda não decidi.

Depois desta corrida, como a maioria de vocês já sabe, os 10 melhores colocados no campeonato vão para a tal Superfinal, que nada mais é do que a sequência da disputa em mais quatro corridas. Para os classificados, atribuem-se pontos a mais para que não possam ser alcançados pelos outros. Só eles terão chances matemáticas, pois, de terminar 2010 tendo na estante de casa a Copa Caixa, nome dado ao troféu do campeão.

Seis pilotos já garantiram vaga. A saber, e por ordem: Átila Abreu, Ricardo Maurício, Cacá Bueno, Max Wilson, Nonô Figueiredo e Daniel Serra. Nessa lista, torço pelo Max e pelo Nonô, que são meus comentaristas nas transmissões das corridas do Porsche Cup que narro para o Speed Channel. Restam quatro vagas, que serão disputadas a tapa por 15 outros pilotos. A matemática da Stock Car não dá margem de erro para mais nem para menos, como a das pesquisas eleitorais que têm nos socado goela abaixo. A tapa, claro, é força de expressão, não acho que alguém queira ver pilotos trocando tabefes ou totós por causa de pontos no campeonato.

Para não estender muito mais a conversa, refiro-me aos pilotos apenas pelo sobrenome. E há três casos de sobrenomes repetidos no grid da Stock Car, todos de irmãos – Cacá e Popó Bueno, Marcos e Pedro Gomes, Rodrigo e Ricardo Sperafico. Os citados nas projeções aí de baixo são Popó, Marquinhos e Rodrigo. Cacá já está classificado para a Superfinal, Pedro e Ricardo não têm a mínima chance.

As projeções aqui indicadas não consideram eventual mudança na classificação atual, essa aqui, por conta de recursos a punições aplicadas em etapas anteriores que venham a ser deferidos pelas autoridades esportivas. E os resultados que estipulo na minha pretensiosa "cartilha da Superfinal" já contemplam a eventual necessidade de aplicação dos critérios de desempate. Sou um cara muito eventual, vê-se.

Quando falo de um resultado para um adversário do dono do tópico, essa é a colocação máxima que ele poderá ocupar ao final da corrida para aquela hipótese ser convertida em vaga. Só para exemplificar, no tópico onde calculei a chance de classificação de Cláudio Ricci, previ “Campos em quarto, Camilo em décimo e Gomes em 12º”. Claro que naquela hipótese, para Ricci ficar com a vaga, Júlio Campos não precisa terminar em quarto, ele pode ficar em nono, vigésimo, voltar para Curitiba antes mesmo da corrida para ver um jogo do Atlético ou do Paraná Clube. Não pode é passar de quarto. Parece óbvio, mas conheço uma parte do meu eleitorado e sei que dois ou três iriam me chamar ao MSN durante o dia para perguntar isso.

Como diria Pedro Bial em sua inglória missão de conduzir aquele reality show, vamos então conhecer as chances de classificação dos nossos heróis.

Felipe Maluhy, 56 pontos
Seu risco de não ir à Superfinal não passa de mero exercício de matemática. Só fica fora da lista se o pódio tiver Campos em primeiro, Camilo em segundo e Gomes em terceiro. Nesta sequência. Nenhum outro resultado o tira da caça ao título. A eliminação da disputa dependeria, ainda, da ausência na zona de pontos e de Khodair estar entre os nove primeiros na corrida. A vitória inédita conquistada no Rio, claro, foi carro-chefe de sua classificação.

Allam Khodair, 50 pontos
O nono lugar na corrida de Campo Grande garante sua vaga sem a necessidade de contas. Também se classifica se terminar entre 10º e 14º, desde que Campos não vença. O japa-libanês vai para a lista de candidatos ao título mesmo se não marcar pontos, admitindo para isso duas destas cinco combinações – vitória de Kaesemodel ou Bueno, segundo lugar de Campos, oitavo de Gomes e décimo de Camilo. Com uma vitória e uma combinação de resultados dos adversários, tem chance até de saltar de oitavo para terceiro na pontuação, o que lhe valeria mais pontos para a Superfinal.

Marcos Gomes, 42 pontos
Se for ao pódio, está na final. O quarto lugar também basta, desde que não haja vitória de Campos, ou segundo lugar de Camilo, ou terceiro de Khodair, ou que Maluhy termine a corrida entre os 15 primeiros. Terminando em quinto, depende de Campos em segundo, Camilo em sexto e Khodair em 13º, admitindo um desses três resultados. Sendo sexto, passa a contar também com um vencedor que não seja Bueno ou Kaesemodel.

Thiago Camilo, 40 pontos
Conseguiu a vaga em todos os campeonatos desde a adoção do sistema da Superfinal, em 2006, a exemplo dos já classificados Cacá Bueno e Ricardo Maurício. É o décimo na tabela e está na linha de corte. Um terceiro lugar em Campo Grande dispensa o ábaco e garante sua vaga. Se for quarto, só depende da vitória não ser de Bueno ou Campos, ou de Gomes não passar de um sexto lugar, ou ainda de Khodair não estar entre os 12 primeiros. Se ficar em quinto, vai à Superfinal desde que não se confirmem mais que dois desses quatro resultados: vitória de Kaesemodel (ou Bueno), segundo lugar de Campos, sexto de Gomes e 14º de Khodair.

Júlio Campos, 32 pontos
Se ganhar a corrida, dependerá de apenas uma de quatro limitações de resultados de seus adversários – Camilo em segundo, Gomes em quarto, Khodair em 10º e Maluhy em 14º. O segundo lugar pode bastar ao paranaense, se a vitória não for de Bueno ou Kaesemodel. Aí, será necessário que Camilo não termine entre os cinco primeiros, Gomes seja no máximo sexto e Khodair fique em 14º. Dependeria de três destas cinco combinações. Repetindo o terceiro lugar que obteve no Velopark, Campos espera Camilo em oitavo ou Gomes em décimo – nesta sua conta, Kaesemodel e Bueno não podem vencer.

Popó Bueno, 29 pontos
Até o quarto lugar é capaz de classificá-lo à Superfinal. Para diminuir a loteria, se conquistar a primeira vitória, garante a vaga desde que Camilo seja quarto, ou que Gomes seja quinto, ou que Khodair seja 12º. Se for segundo, para que vá à Superfinal pela segunda vez, a vitória não pode ser nem de Kaesemodel, nem de Campos. Além disso, Camilo não pode terminar entre os seis primeiros e Gomes tem de ser no máximo nono.

Lico Kaesemodel, 28 pontos
Vencendo, depende só de Camilo ser quinto, ou de Gomes ser sétimo, ou de Khodair ser 12º. Se ficar em segundo, Bueno e Campos não podem vencer, Camilo tem de ser no máximo oitavo e Gomes precisar ficar de décimo para trás. Com o segundo lugar, pela vaga do paranaense, há a brecha para uma dessas quatro hipóteses não se confirmar. As contas permitem-lhe alcançar a vaga até com o quarto lugar. Para isso, como disse Garrincha, teria de combinar com os adversários.

Duda Pamplona, 22 pontos
O segundo lugar em Campo Grande é sua última esperança, desde que o resultado tenha Kaesemodel fora do pódio, Bueno em quinto, Campos em sétimo e Camilo em 15º. O terceiro lugar que conquistou em Salvador o poria à frente de Gomes num eventual critério de desempate e lhe daria a vaga, com estes resultados, independentemente do vencedor da etapa. Se ganhar, pode até ignorar um dos resultados limitados de cinco adversários – Gomes em 11º, Camilo em sexto, Campos fora do pódio, Bueno e Kaesemodel no máximo em terceiro.

Cláudio Ricci, 21 pontos
Se chegar à primeira vitória na categoria, precisa que o segundo lugar não seja de Kaesemodel ou Bueno, com Campos em quarto, Camilo em décimo e Gomes em 12º. Neste caso, terminaria a fase de classificação em nono e teria a vaga mesmo com um dos cinco adversários terminando à frente do limite estipulado. O gaúcho pode até se classificar com um segundo lugar, desde que não fique atrás de Pizzonia, Nunes, Sperafico, Losacco, Brito ou Pamplona. Ainda assim, dependeria de Kaesemodel em quinto, Bueno em sexto, Campos em oitavo e Camilo fora dos pontos.

Valdeno Brito, 20 pontos
Ganhando a corrida, espera que Bueno não seja o segundo, com Campos em quinto, Camilo em 11º e Gomes em 14º - três destes quatro resultados limitados dos adversários lhe serão suficientes. Com o segundo lugar na corrida, desde que a vitória não seja de Ricci ou Pamplona, depende de Kaesemodel e Bueno fora do grupo dos cinco primeiros, além de Campos em nono e Camilo – com quem se igualaria em resultados – fora dos pontos. A pole no Velopark desempataria seu confronto direto com Camilo e lhe daria a vaga.

Giuliano Losacco e Rodrigo Sperafico, 18 pontos
A partir deste ponto, o sonho da vaga na Superfinal passa obrigatoriamente pela vitória em Campo Grande. Que, no caso dos dois, terá de se fazer acompanhar por não mais que um quarto lugar de Kaesemodel, um quinto de Bueno, um sexto de Campos e um 14º de Camilo. Como a possibilidade só contempla a vaga de um dos dois, a classificação, nessa hipótese, é possível mesmo que uma dessas quatro limitações de resultado não seja “respeitada”.

Antonio Pizzonia e Diego Nunes, 16 pontos
O milagre para a classificação contempla, além da vitória, as limitações de resultados que mantenham Pamplona em terceiro, Kaesemodel em quinto, Bueno em sexto, Campos em oitavo e Camilo fora dos pontos. No caso de Pizzonia, o problema na bomba de combustível que o tirou da disputa pela vitória na Corrida do Milhão, semana passada, foi crucial. Ainda assim, tem uma chance de vaga que não deve ser desprezada - desde, claro, que ganhe a corrida em Campo Grande.

Xandinho Negrão, 15 pontos
Em 21º na pontuação da Copa Caixa, só se classifica para a Superfinal por força de votação secreta do Senado. Mas a chance existe, segundo garante a matemática. Para tanto, precisa da primeira vitória na categoria com Camilo fora dos pontos, Campos em sétimo, Bueno e Kaesemodel fora da lista dos cinco primeiros e Pamplona no máximo em terceiro, desde que o segundo lugar não seja de Ricci ou Brito.

Ah, claro. Não me custa lembrar que todas as fotos que utilizei aqui foram produzidas pela Fernanda Freixosa.

sábado, 11 de setembro de 2010

Segura essa gauchada!

Resto do mundo das corridas, tremei. O Rio Grande do Sul não está para brincadeira.

Consolidado à glória do maior número de autódromos no Brasil, quatro dos 14 de fato existentes, o estado vive a fase de transformar quantidade e qualidade.

Primeiro, construiu-se aqui a pista de Santa Cruz do Sul. Tem lá suas necessidades de pequenos tapas, é verdade, mas está lá, vigoroso, firme e forte. Aí, um grupo privado de peito e de respeito ergueu essa beleza aqui, o Velopark. Recebe lá suas ressalvas, é verdade, mas como já disse várias vezes inovou o conceito para pistas de corrida, para nós e para exportar. Depois, Guaporé. Os desportistas de lá fizeram uma jogada simples e trabalhosa, correram atrás da grana e conseguiram, o autódromo ficou um brinco, também.

Aí, ficou para trás Tarumã, em Viamão, nos arredores de Porto Alegre. Ou não. Soube hoje de João Sant’Anna, piloto e presidente de clube de automobilismo, que já está tudo certo – “90% certo”, segundo as palavras dele – para a Petrobras bancar, depois de todo o trâmite burocrático que se enfrentou, a completa reestruturação do autódromo de Tarumã.

Esses adventos que o Rio Grande do Sul experimentam – e que comento aqui sem grande riqueza de detalhes ilustrando o assunto com belas fotos produzidas em Tarumã pela não menos bela Fernanda Freixosa – são fruto do bom trabalho que a gauchada faz, pautado na tradição que o estado tem no automobilismo. Tradição serve para isso, para dar vazão a ações concretas. Arrotá-la em mesa de bar não resolve a vida de ninguém.

E as pistas para motos?

Vez em quando, nos parcos intervalos da programação aqui no Velopark, consigo uns minutinhos para bater papo com quem aparece pela frente. Não fiquem com dó, não estou tão ferrado assim no trabalho, é que há dois campeonatos com treinos e corridas rolando por aqui e sou pago justamente para narrar tudo isso para quem está no autódromo. Não sobra, mesmo, tempo para papear.

Agora há pouco, parei para bater papo com Murilo Colatrelli. Um dos principais pilotos do TNT Superbike, ganhou a corrida do mês passado lá em São Paulo. Papeamos sobre acidentes, por influência óbvia do ambiente – além do acidente com Newton Patrício, ontem, com pista seca, hoje houve vários acidentes sob chuva nos treinos da motovelocidade e também do Itaipava GT Brasil. Cláudio Ricci acabou com a Ferrari e teve de ir para o hospital, á está tudo bem com ele. Agora, enquanto escrevo, Andreas Mattheis também estampou seu Ford GT. Pela manhã, alguns pilotos de motos também sofreram quedas, nada de mais sério. A pista está quase impraticável.

Pedi a Murilo, confiando em sua experiência de décadas, que expusesse o que há de dificuldade específica para os pilotos de motovelocidade diante da chuva e das características do traçado do Velopark. Segundo ele, o final da reta dos boxes é um trecho bastante escorregadio. “Vai dar chão ali”, anteviu, valendo-se de uma gíria típica de pilotos de motos. Em termos práticos, o que Murilo disse é que vai ter gente caindo ali ainda nos treinos e na corrida.

O piloto da Honda número 74 também manifestou preocupação com o “S da Ponte”, trecho de baixa velocidade da pista. “Ali, se errar, o piloto bate no pé da ponte. Para o outro lado não há área de escape”, avaliou. “A pista não tem área de escape em vários pontos. O pessoal vai ter que pôr a cabeça no lugar”, alertou.

Apesar das observações, Murilo não questionou as condições do Velopark de acolher provas de motovelocidade. “Interlagos é bem pior”, disparou, para minha surpresa. “Se você analisar a subida para o Café lá em São Paulo, vai concordar. As motos sobem ali a 230, 240 km/h. Quando você torce o cabo, a traseira da moto vai patinando em quinta marcha. E se escapar, não tem área de escape”, ilustrou. Torcer o cabo, para os incautos, é o mesmo que submeter a moto à aceleração máxima. Óbvio. “E a segunda perna do ‘S’ do Senna? Não tem para onde escapar. É complicado”.

A lista de possíveis restrições de Murilo Pinhati Colatrelli vai além. “Em Brasília, em praticamente nenhuma curva você tem área de escape. Você é de Cascavel, né? Lá tem o Bacião, é melhor nem comentar... Campo Grande, apesar da curva complicadinha na entrada da reta, até que passa. A única pista propícia para motovelocidade, mesmo, era a do Rio de Janeiro. Aquela pista, quando era inteira, era perfeita”, relembra. Nesse momento, questiono-o sobre o autódromo de Goiânia, também quase falido, mas que segue conceitos de motódromo. “Nunca corri lá, então não posso falar”, respondeu.

Murilo não começou ontem a pilotar motos. Ele sabe o que está falando.

"Tá reclamando de quê?"

Esse é o título de um e-mail que recebi dia desses do Alexandre Vaccari, e que só fui ler agora.

Quem acompanha minhas abobrinhas por aqui sabe que não cumpro tabela no BLuc reproduzido conteúdo de e-mails. Fiz isso uma única vez, nesse post aqui, achei que valia a pena.

Faço agora de novo, numa época mais que propícia. Reproduzo na íntegra o texto - que não tem autor conhecido, e que na mensagem que recebi não foi atribuído a Luís Fernando Verísimo e nem a Arnaldo Jabor, como maioria das coisas que se plantam via internet.

Só leia e reflita. Ou dê risada, se for o máximo que conseguir.

Coloque a mão na consciência! Você está reclamando do que nessas eleições?

Está reclamando do Serra? Da Dilma? Do Lula? Dos Sarney? Do Collor? Do Tiririca? Do Netinho de Paula? Da Marta Suplicy? Dos políticos distritais de Brasília? Do Jucá? Do Kassab? Dos mais 300 de picaretas com anel de Doutor do Congresso?

E de você? Você reclama também?

Brasileiro é assim:

- Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.
- Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.
- Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.
- Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura.
- Fala no celular enquanto dirige.
-Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.
- Para em filas duplas, triplas em frente às escolas.
- Viola a lei do silêncio.
- Dirige após consumir bebida alcoólica.
- Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.
- Espalha mesas, churrasqueira nas calçadas.
- Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.
- Faz "gato " de luz, de água e de TV a cabo.
- Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.
- Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda para pagar menos imposto.
- Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.
- Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota fiscal de 20.
- Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.
- Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.
- Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.
- Compra produto pirata com a plena consciência de que é pirata.
- Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.
- Diminui a idade do filho para que esse passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.
- Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.
- Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.
- Leva das empresas onde trabalha pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo.
- Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.
- Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.
- Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.
- Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

E você ainda quer que os políticos sejam honestos...

Escandaliza-se com a farra das passagens aéreas?

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo ou não? Brasileiro, afinal, reclama de quê?

“Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquecemos da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta...”

A mudança, pra surtir o efeito desejado, tem que ser de dentro pra fora. Deve começar dentro de nós, das nossas casas, dos nossos valores, a partir das nossas atitudes!

O pior é que essa é a mais pura verdade! Eu sugiro adotarmos uma mudança de comportamento, não só na época das eleições. Vamos começar por nós mesmos, onde for necessário!

Vamos dar o bom exemplo!

Espalhe essa ideia!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sala de emergência

Em primeiro lugar, que não se observe aqui um tom crítico, mas uma constatação.

O Velopark, mais novo autódromo do Brasil, inovou em conceito. Em que pese o traçado curto - chegou a 2.278 metros com a remodelação que aumentou o trecho ao final da reta principal -, ostenta um complexo inovador. Autódromo, pista própria para arrancada, kartódromo, circuito oval para karts, bons boxes e arquibancadas, infra-estrutura mais do que razoável, todos os atributos que todo mundo já citou.

Tudo isso aqui, na pequena e pacata Nova Santa Rita, jovem cidade de pouco mais de 18 anos e que orgulha-se de ser conhecida como capital do melão, menção óbvia ao cultivo em larga escala desta fruta na agricultura, carro-chefe da economia local. E planta-se muito melão por essas bandas.

O Velopark já recebeu Stock Car, Porsche Cup, competições regionais gaúchas e provas nacionais de arrancada. A agenda para as próximas semanas contempla uma corrida da Fórmula Truck e o "Biketoberfest", programação que destaca uma corrida de longa duração de Superbike. Neste fim de semana, está acolhendo etapas do Itaipava GT Brasil e do TNT Superbike.

Foi num treino da competição motociclística, hoje pela manhã, que pude perceber uma possível deficiência do Velopark. Não dele, mas a ele inerente. Newton Patrício Crespi, piloto da Spiga Racing, sofreu um acidente de proporções consideráveis. Sua moto, uma Honda CBR 1000RR, ficou bastante danificada, como tento mostrar na foto que tirei mal e porcamente com um aparelho celular, no box da Spiga Racing.

Não perguntei a ninguém, pode ter sido o episódio mais grave da ainda curta história do Velopark. Atendido pela equipe médica de plantão, Crespi - ou Cisso, como todos o conhecem - foi levado numa ambulância para socorro mais específico. E foi nela, na ambulância, que ficou por 58 minutos. Nesse período, que compreende uma passagem estimada em não mais que dois minutos por um hospital da vizinha Canoas - de onde sugeriram que se o levasse para outra instituição -, disse ter passado maus bocados, consequência da forte queda sofrida na pista de competições.

Já em Porto Alegre, uma segunda tentativa de internamento foi marcada, segundo narrou o próprio Cisso, por uma sonora discussão entre o diretor do hospital, não vou citar o nome, e o enfermeiro que o acompanhava desde o autódromo. "Depois do bate-boca, o diretor do hospital mandou que me levassem pra dentro e pôs o pessoal do autódromo pra fora. Não entendi direito, pode ter acontecido alguma coisa que não sei. Foi estranho", contou. "O que percebi foi que, no hospital, ninguém sabia que estava havendo uma competição no autódromo, para que alguma equipe pudesse estar preparada para uma eventualidade como essa minha".

É um assunto a se pensar. Uma pista de corridas bem peculiar, que tem recebido e vai continuar recebendo bons espetáculos esportivos, não pode deixar de se fazer acompanhar de condições para um rápido socorro. Não se pode desprezar a iminência de acidentes estúpidos em pistas de corrida, que machucam e infelizmente chegam a custar vidas. Cisso, em sua jornada de 58 minutos numa ambulância, poderia ter morrido caso tivesse sofrido uma perfuração no pulmão ou coisa do gênero, essa foi uma observação dele próprio com que todos à volta, eu na lista, concordaram.

O acidente custou a Cisso três fraturas no pé esquerdo, além de alguns ligamentos rompidos. E fortes dores nas costelas. "Deus gosta de mim, olhou para mim e me salvou pela segunda vez", confidenciou à mesa do restaurante do hotel, sem que ninguém lhe pedisse detalhes do outro episódio a que fez alusão.

O esporte tem evoluído em todos os sentidos. Felizmente observo que, por muitas vias, a segurança tem sido posta em primeiro lugar. É um posicionamento que, contudo, não pode ser restrito às condições de uma pista ou de um evento. Se alguém se arrebentar numa disputa por posição ou por décimos de segundo, é preciso que haja condições suficientes para um socorro rápido e eficiente.

Cisso e sua esposa Dinara são pessoas que ganharam ontem à noite credencial vip para a minha galeria de amigos. Gente da melhor qualidade, os dois. Mas, pelo visto, não dei sorte a Cisso.

Esses esportes de risco...

Bruno Corano, além de mentor e organizador do campeonato, é um dos principais destaques do TNT Superbike. Sua campanha pelo título que muitos davam como certo ao início da temporada tropeçou, é verdade, em um acidente extra-pista, no mês de abril, que lhe custou uma perna fraturada e todo o ônus da reabilitação física.

Para efeito de mera localização matemática, Bruno é quinto colocado na classificação do campeonato. É, também, o líder do Pirelli Superbike. E, no Superbike Series Brasil, que nada mais é que a soma dos outros dois, está em quarto.

E daí?, vai perguntar você. Bem, Corano está, como todos os outros vinte e tantos participantes do TNT Superbike, aqui no Velopark, em Nova Santa Rita, onde no domingo disputa a sexta e antepenúltima etapa da temporada. No primeiro treino livre do fim de semana, agora há pouco, foi o mais rápido de todos, com alguma margem.

Ocorre que Bruno tem um problema sério com que lidar em treinos e corrida. De novo, uma contusão. Há dias, machucou o médio da mão direita jogando basquete. Deve ter sido um momento de recaída. Tem curativos no dedo, ainda – não quis mostrar apenas o dedo contundido para a foto para não parecer deselegante... – e admite que a contusão, ainda não apurada clinicamente, o atrapalha bastante. É o dedo que lhe dá apoio para o manejo do manete do freio da Suzuki Srad 1000 número 34. “Vai ser complicado”, foi como resumiu a situação.

Sempre digo que é um esporte perigoso, o tal basquete.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O diploma existe

Ontem voltei ao purgatório. Depois de quase um ano sem aparecer por lá, não dá para negar que até bateram algumas lembranças boas. Alguém me disse que eu sentiria saudades da faculdade. Não chegam a ser saudades, mas senti-me bem estando lá, talvez por não ter qualquer obrigação de permanecer lá por um período determinado por outros seres.

Visitei a secretaria acadêmica, atrás do meu diploma. Nada mais justo do que agilizar o trâmite do diploma, já que passei cinco anos lá dentro por causa disso. O curso dura quatro, mas tranquei a matrícula por um ano porque o Luc Júnior tinha acabado de nascer e porque eu não tinha saco para o terceiro ano seguido deixando a bunda quadrada naquelas cadeiras de madeira, as mais simples, acho que porque a mensalidade de Jornalismo não estava exatamente entre as mais rentáveis para a instituição.

A visita serviu para derrubar um mito. Sim, pude palpar a ocorrência do diploma. Ele existe. Fotografei para tirar a dúvida em casa, coisa que a mim mesmo soou como idiota, já que eu mesmo o vi.

Abro parênteses para comentar um episódio do qual lembrei com essa colocação. Corria o ano da graça de 2000 e o Luiz Silvério, meu parceiro no jornal Motorsport, foi para a Europa pela primeira vez, acompanhar o Jaime Melo na abertura do Europeu de Fórmula 3000, em San Marino. Levou para lá a primeira edição do jornal, que à época chamava-se “Sport 100 Limite”, mesmo nome do programa de automobilismo que ele mantinha na TV a cabo. Em Imola, numa topada nada casual com Michael Schumacher, colheu seu autógrafo na capa de um exemplar, que hoje está devidamente emoldurada na parede de sua sala. Horas mais tarde, no centro da cidade, pediu que o motorista do carro parasse diante de um outdoor que viu. A peça tinha Michael como garoto-propaganda de uma marca de relógios e reproduzia sua assinatura. Silvério quis apenas e tão somente conferir a assinatura com o autógrafo na capa de seu jornal. Disse que era para saber se tratava-se, mesmo, da rubrica do então bicampeão do mundo. Fecho parênteses.

De volta ao diploma, assinei-o. Não precisei conferir minha assinatura em outdoor nenhum, já que não sou garoto-propaganda de nada. Ele, o diploma, segue agora para Umuarama, nome que durante os anos de insistência acadêmica soava-nos como o de um ser supremo e malvado que ocupava uma poltrona elevada e olhava para todos com reprovação, devidamente munido de tridentes e chibatas. Umuarama é a cidade que acolhe a reitoria da universidade que me outorgou o título de bacharéu em jornalismo. E o reitor, acredito, é um sujeito bastante ocupado, já que a necessidade de sua assinatura deixará meu suado diploma pendurado em Umuarama por intermináveis 90 dias. Continuo achando que Umuarama é um ser supremo e malvado.

Nada do que contei aqui é mentira. Nem quanto ao diploma, nem sobre Umuarama, nem sobre a dúvida incompreensível do Luiz Silvério. Talvez tenha exagerado um pouquinho quando disse que fui à universidade atrás do diploma. Eu fui lá, na verdade, para fazer minha inscrição no Acordes Universitários, um festival de música promovido pelo centro acadêmico de História. Participei no ano passado e acabei vencendo, o que me valeu uma câmera fotográfica digital e uma estadia num parque aquático, que nunca aproveitei – demorei para correr atrás dos devidos comprovantes e, quando tentei reclamar meu prêmio, o curso de Turismo, que gerenciava a permuta, já tinha falido.

Queria muito participar do Acordes. Tanto para tentar ganhar de novo quanto para atender ao convite gentil feito pelo Leodefane, o mesmo sujeito que acabou me levando para o mundo do jornalismo há duas décadas, hoje professor universitário. Iria interpretar “Suspicious minds”, do Elvis, ou “Skyline pigeon”, do Elton John, era uma dúvida cruel. Mas a peleia vai acontecer no dia 24, e nesta data vou narrar minhas primeiras corridas de carros fora do país, na Argentina, onde o Porsche Cup vai correr pela primeira vez.

Inscrevi a Juli, que vai cantar qualquer coisa da Paula Fernandes – ela falou o nome da música, agora não lembro. Tomara que ela ganhe. O primeiro lugar vale um laptop, e o meu já dá sinais de que a aposentadoria forçada está próxima.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Hepteto em si. Ou sol, ou ré, ou lá...

Claro que nada se cria, tudo se copia. Mas diria o outro candidato que o que é bom deve mesmo ser copiado. Quem garimpou o vídeo, sabe-se lá de onde, foi o Alexander Grünwald, do SporTV, que mantém o bom blog Fórmula Grun.

Nem vou ficar contanto o sexo dos anjos. O que havia para ser dito ou explicado já o foi nesse post do blog do Grun, também vale a pena dar uma lida para entender o que se passa.

Já assisti a esse vídeo umas 18 vezes hoje. Vou ver de novo.

Antes, uma pequena nota: no BLuc, não sei por que cargas d'água, a janela do vídeo aparece cortada. Melhor clicar nela para ver no YouTube. Ou assistir direto no blog do Grun.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Nada a declarar

Fico preocupado quando sou interpelado por abordagens na internet, ao telefone ou mesmo no boteco onde tomo meu café amargo, sempre acompanhado de um gorduroso pastel, sobre o BLuc. Sim, acredite, você não é o único que acessa este espaço macambúzio. Há uma horda de desocupados que vez ou outra, ou diariamente, bisbilhotam por aqui atrás de algo que não lhes vai servir para absolutamente nada.

Hoje fui defenestrado moralmente por conta do hiato de quatro ou cinco dias desde a última publicação, essa aí de baixo, que trouxe uma visão isolada de Eduardo Homem de Mello. “Já li aquele texto do Edu três vezes”, bradou o incauto leitor, enquanto tratava de me filar um cigarro. Cheguei em casa até disposto a preencher alguns pixels (é isso?) com minhas solicitadas considerações sobre qualquer coisa. Cheguei à triste conclusão de que não tenho nada a dizer, nem a compartilhar.

Comentei isso com a Juli. Para minha surpresa, ela falou que é bom sinal. Observou, a patroa, que é a segunda vez no ano que eu desligo do mundo, e disse que a primeira foi na Copa do Mundo. Na Copa? Até agora não entendi, até porque acompanhei a Copa de cabo a rabo, mesmo sem entender patavinas de futebol, mas a constatação dela foi de que na Copa eu desliguei. Preciso desligar mais vezes, é a recomendação dela, com a qual concordo perfeitamente.

Não há recorte temporal mais propício para desligar que o de agora. Além de ser tempo de caça ao voto, época em que todos fingem a si próprios que nada veem, nada ouvem e nada dizem, é feriadão prolongado, um conceito furado que só deve ter alguma validade em culturas deploráveis como a desse pedaço de terra que ocupamos.

Sim, um dia relegado no calendário ao espaço entre um domingo e um feriado tem de ser, também, um feriado. Não damos fins decentes aos dias e horas que temos, sobretudo quando essa decência possa estar atrelada a trabalho. Não gostamos de trabalhar, até porque temos a quem atribuir a culpa pelo estágio calamitoso em que as coisas se encontram por aqui. Isso é fato com o qual todos concordam, cada qual à sua maneira. Como esperado, portanto, não acrescentei nada de novo a ninguém.

Poderia, a rigor - e com o perdão pelo trocadilho quase involuntário -, só transcrever uma frase de uma letra de Roger Moreira, o eterno líder do finado Ultraje a Rigor, um sujeito que se faz conhecido pelo QI alegadamente estratosférico: “Eu não tenho nada pra dizer / Também não tenho nada pra fazer / E só pra garantir este refrão / Eu vou enfiar um palavrão”.

Roger fechava seu estribilho com “cu”, mas me recuso a escrever cu. Ou, na versão apavorante que se vê em portas de banheiros e em pichações em geral, cú, com um acento inexistente e inaceitável. Foi Maurício Menon, professor de português dos tempos de faculdade, quem chamou atenção para o acento no cu nas pichações. Homem alinhado e de postura, corou quando abordou o assunto, disso lembro bem. Portanto, termino sem apelar para cavidade retal nenhuma.

Só o que eu queria dizer nesse post era absolutamente nada. Não sei se consegui. Roger Moreira já disse tudo. Aliás, sempre achei que o título da tal música fosse "Cu", e procurando-a agora na internet vejo que é "Nada a declarar", mesmo título que já tinha dado a essa inútil pensata. Não tenho um QI compatível com o de Roger. De modo que, para continuar sem dizer nada, recorro à sua obra:

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"A regra não é clara", por Edu

Vivo em autódromos pelo Brasil. Novidade nenhuma quanto a isso. Frequentar autódromos, a exemplo de absolutamente todas as outras coisas, traz atribulações. No meu caso, sempre bastante trabalho a executar. Mas também há recompensas aprazíveis. Entre elas, a convivência com pessoas que fizeram e fazem e viveram e vivem o automobilismo. Dar exemplos seria indução fácil ao pecado da omissão. Portanto, atenho-me ao nome do único doutor automobilístico, expressão em que pensei agora e que não sei se já foi usada por alguém, que interessa para o contexto de ora.

Eduardo Homem de Mello é das pessoas que tenho orgulho de citar. "Sou amigo do Edu", digo na roda de cerveja lá no posto, e os colegas que acompanham o automobilismo exclamam "ooooh!". Não é exatamente assim que acontece, nem perto disso, também inventei isso agora, mas Edu é, sim, uma referência irrefutável quando o assunto em questão tem a ver com corridas de carros. E de motos também.

Conversar com Edu nos bastidores do autódromo - e citá-lo assim não é uma tentativa forçada de demonstrar alguma intimidade, é por "Edu" que todos o chamam - não deixa de ser uma escola. Um curso sobre o mundo das corridas, e que ele não me leia, caso contrário pode desembestar de cobrar pelas aulas que inadvertidamente dá. Esse viveu e vive e fez e faz o automobilismo. Hoje, é verdade, mais fora da pista do que dentro dela, onde atém a permanência do sobrenome às atuações do filho Cássio na Copa Montana.

Num bate-papo recente, Edu falou-me sobre uns rabiscos que tinha escrito a esmo. Pedi para que mandasse-mos por e-mail, assim o fez. Li, liguei para ele, pedi para publicar suas considerações aqui no mambembe BLuc, ao que não apresentou qualquer objeção.

Bom para mim, ao menos. Não é todo dia que se pode preencher uma falta de assunto, ou de disposição para escrever sobre qualquer coisa, com considerações assinadas por Eduardo Homem de Mello. Ei-las, ipsis litteris.

A REGRA NÃO É CLARA

Há algum tempo o telespectador mais atento tem notado algumas situações embaraçosas que o narrador Téo José e eu temos enfrentado durante as transmissões das corridas da Fórmula Truck na Band e Bandsposrts, em decorrência das determinações equivocadas no cumprimento de punições impostas aos pilotos.

Infelizmente a interpretação da regra não é clara, pois permite mais de uma interpretação e quase sempre intuitiva, prejudicando pilotos e confundindo as informações levadas por nós aos milhares de fãs da categoria por todo o Brasil.

Sem entrar no mérito da questão, deixando de lado quem está certo ou errado, é seguro que este tipo de situação duvidosa não pode ocorrer em categoria alguma, muito menos em uma categoria do porte da Fórmula Truck, cuja importância está muito acima da aplicação de punições duvidosas ou incorretas e que muitas vezes determinam o resultado final de uma corrida.

A análise e a punição de uma situação desportiva são feitas pelos Comissários Desportivos e não pelo Diretor de Prova, como equivocadamente algumas pessoas imaginam.

Ao Diretor de Prova cabe apenas ordenar o cumprimento da pena e outras dezenas de atribuições que não vêm ao caso agora, mas é certo que ele não é o responsável pelos equívocos ocorridos ultimamente e com uma certa constância.

Faz muito tempo que venho defendendo a tese e sugerindo às autoridades do automobilismo que convidem ex-pilotos para integrar o time de comissariado das corridas de um modo geral e não só da Fórmula Truck, pois quem nunca sentou em um carro de corrida jamais poderá julgar com maior justiça uma situação de atitude antidesportiva.

Se no futebol temos ex-juízes de futebol comentando a arbitragem, ex-goleiros julgando a atuação dos que ainda estão em atividade, ex-jogadores também contribuindo para uma análise mais clara do jogo, ex-piloto comentando corridas na TV (como é o meu caso), por que então não ter ex-pilotos julgando situações tão delicadas e perigosas como as que vêm ocorrendo no esporte e que, como eu disse muitas vezes, determinam o resultado equivocado de uma corrida?

Na etapa de São Paulo da Fórmula Truck nesta temporada 2010, um verdadeiro festival de absurdos ocorreu durante a prova e eu informando o que estava no regulamento e o corpo diretivo tomando decisões contrárias ao que diz a regra, justamente por ter mais de uma interpretação no regulamento.

Cada categoria tem regras e características próprias e para tal existe o que chamamos de “Regulamento Particular”. A aplicação, o cumprimento das regras e as punições impostas estão devidamente descritos e devem ser obedecidos com a mais absoluta fidelidade.

Nos casos omissos deste regulamento e demais regras comuns ao esporte, deve ser consultado e obedecido o CDA (Código Desportivo do Automobilismo), uma espécie de bíblia onde ao se analisar toda e qualquer dúvida ele se sobrepõe a todos os outros regulamentos existentes, é soberano por sua importância.

Destaco a seguir duas regras essenciais à realização das corridas de Fórmula Truck:

1) Excesso de fumaça: o acerto da mistura de combustível deve ser rigorosamente aplicado pelos técnicos das equipes para que o motor não libere nenhuma fumaça pelo escapamento. Caso isto ocorra, o piloto é chamado ao box para reparar o defeito, cumprindo assim uma punição justa constante claramente no regulamento particular da categoria.
2) Excesso de velocidade no radar: Para maior segurança a categoria restringe a velocidade dos caminhões em um determinado trecho do circuito. No ponto de maior velocidade da pista é colocado um radar e o piloto chega naquele trecho a mais de 200 km/h e é obrigado a reduzir sua velocidade para 160 km/h . O excesso de velocidade é passível de uma punição chamada drive-through, com o piloto sendo obrigado a passar pelos boxes, ou área determinada pela Direção de Prova, em velocidade reduzida.

O texto do artigo 6.5 do regulamento particular da categoria, disponibilizado no site da Confederação Brasileira de Automobilismo, diz o seguinte: “Após todos os pilotos completarem 1/3 (um terço) da prova, o Pace Truck entrará obrigatoriamente na pista (corrida neutralizada), por no mínimo 2 (duas) voltas, com os carros de apoio (serviço), para limpeza e retirada de veículos da pista, sendo permitido a entrada dos caminhões no Box, inclusive para pagamento de penalidades por excesso de velocidade e fumaça.”

Ao interpretarmos o texto acima chegamos à conclusão que um erro absurdo foi cometido na etapa de São Paulo, quando foi permitido que o piloto Leandro Totti entrasse durante a permanência do Pace Truck na pista na área designada para cumprimento de uma punição por queima de relargada.

Percebam que no texto do artigo 6.5 é permitida a entrada do caminhão nos boxes, inclusive para pagamento de duas penas somente, excesso de velocidade no radar e fumaça, sendo omisso no que diz respeito à punição por queima de largada e/ou relargada.

Por esta e outras confusões geradas pelas atitudes confusas dos Comissários, peço desculpas aos telespectadores e tomo a liberdade de me desculpar também em nome do Téo José, que narra o que vê no monitor e no que informo a ele baseado na escuta da comunicação de rádio entre direção de prova e organização.

Além disso, fazemos consultas online sobre regulamento, estatísticas, resultados, etc., tudo com o intuito único de levar ao telespectador a informação com a maior precisão e invariavelmente nos deparamos com informações desencontradas como na corrida em questão.